Você talvez já tenha ouvido falar sobre os Templos de Angkor, um complexo arquitetônico com mais de 100 construções datadas do século XII, encontradas em meio à selva do Camboja. Foram descobertas por um francês chamado Henri Mouhot, em meados de 1860, quando o explorador estava em busca de espécies raras de insetos. Seu diário de viagem ficou mundialmente famoso por relatar animais nunca antes vistos e por descrever o local perdido na floresta. O principal templo, chamado Angkor Wat, é considerado a maior edificação religiosa do mundo, com o tamanho de quatro Vaticanos. “Um desses templos, um rival do templo de Salomão, erguido por um Michelangelo da Antiguidade, mereceria lugar de honra ao lado das nossas mais belas construções. É mais grandioso do que qualquer obra deixada para nós pelos gregos ou romanos”, disse Mouhot em seu diário.
Quase um século de trabalho árduo foi gasto para mapear o local e fazer a cidade aparecer, porém sempre havia lacunas não preenchidas nesse quebra-cabeças. Até poucos anos, achava-se que o complexo todo ocupava uma área de 200km², daí o conhecimento moderno nos disse o contrário. Graças a uma tecnologia a laser e ajuda de helicópteros, uma equipe de arqueólogos da Universidade de Sydney mapeou com precisão absurda uma cidade ainda mais antiga que estava escondida nas profundezas da selva. Estruturas que abrigavam cerca de um milhão de habitantes durante o Império khmer, com avenidas largas e construções sofisticadas, ocupando uma área de 1000km².
A descoberta foi uma reviravolta na história humana e Angkor agora é considerada a maior cidade medieval já construída. Suas imponentes estruturas para captação de água, lagos artificiais e aquedutos desenvolvidos impressionam pela época da construção que, mesmo tão desenvolvidas, não resistiram à crise climática que atingiu a região no final da Idade Média, levando a cidade ao declínio. Os reis se mudaram para a costa e fundaram uma nova cidade, Phnom Penh, atual capital do Camboja, enquanto a floresta engoliu o que sobrou de Angkor.